Pesquisadores estão tentando demonstrar a relação entre casos graves de Covid-19 e a presença das bactérias da periodontite, já associadas a problemas graves, como os cardiológicos
Diversos estudos têm se dedicado a tentar demonstrar uma correlação entre quadros agressivos de Covid-19 e a presença de periodontite avançada nos pacientes. Como explicamos neste artigo, uma pesquisa da Universidade de São Paulo indicou que quase metade das doenças cardíacas são originadas na boca. Essas bactérias, ao entrarem na corrente sanguínea, podem se instalar em qualquer outra parte do corpo e, por isso, devem ser combatidas.
Tendo ciência da relação entre as periodontites e problemas sistêmicos de saúde, os pesquisadores buscaram relações entre a gravidade das internações por Covid-19 e a situação da saúde bucal dos pacientes. Embora haja a necessidade de mais aprofundamento para compreender melhor as causas e consequências, dois estudos indicam evidências para considerar a periodontite avançada como um fator de risco para a Covid-19.
Fortes evidências
“Já há evidência suficiente para sugerir que a periodontite atua como um fator de risco para a Covid-19. A periodontite está associada a diversos outros transtornos, como diabetes, hipertensão arterial, obesidade, entre outras. A periodontite pode ser um indicador da saúde sistêmica. E, além disso, essas comorbidades adicionam riscos a pacientes de casos severos de Covid-19”, diz a pesquisa conduzida por profissionais do México.
Outro estudo com pesquisadores italianos apontou uma relação de duas vias entre casos severos de Covid-19 e doenças crônicas, como as cardíacas, hipertensão, obesidade e problemas renais. “Esse interesse foi estendido para incluir também enfermidades orais comuns em adultos, como as periodontites, que têm correlação direta com essas outras doenças”, afirma o estudo.
Na mesma investigação, sugerem que a baixa qualidade da higiene bucal pode contribuir para casos mais graves da doença. De acordo com eles, há dois mecanismos que podem explicar esta situação:
1 – O contato direto do vírus com os tecidos periodontais, especialmente nos casos mais graves;
2 – A presença de inúmeras citocinas trazidas pelo vírus, o que ficou conhecido por especialistas como “tempestade de citocinas”. Trata-se de uma espécie de resposta imunológica excessiva do organismo que, em vez de causar bem, gera danos ao corpo humano. Foi uma das causas dos quadros graves de Covid-19 em todo o globo.
A importância da saúde bucal
Durante este um ano e meio no qual vivemos com a pandemia, os consultórios odontológicos já chegaram a ser fechados devido ao risco de contágio pela presença do vírus na boca dos pacientes. O que os estudos mostram, porém, é a importância de manter a saúde bucal em dia. E, para o caso de periodontite avançada e outros quadros mais graves, a limpeza diária realizada em casa nem sempre é suficiente.
“Fazer visitas frequentes ao consultório é fundamental para evitar que problemas comuns na boca dos pacientes evoluam para periodontites. A pandemia pode servir de alerta para a necessidade de mantermos a saúde bucal em dia, visto que se trata de um cuidado relacionado a todo o corpo, como esses estudos demonstram”, alerta o dentista em Curitiba Sergio Correia, que atende no bairro Batel.
Esse zelo não se relaciona apenas a Covid-19, já que inúmeras enfermidades podem ser diagnosticadas no check-up preventivo, como mostramos neste artigo. E homens precisam ter ainda mais cuidado: segundo as pesquisas, a prevalência das periodontites é mais comum no sexo masculino do que no feminino.
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