Pesquisas afirmam que placas que ocasionam a doença se formam no cérebro para combater infecção causada por doenças periodontais, presentes em 1/3 da população mundial
Pesquisas recentes, como a publicada na revista New Scientist e no Journal of Alzheimer’s Disease – duas publicações de renome no campo da ciência e da saúde -, mostram que as pessoas com problemas periodontais estão mais suscetíveis ao Mal de Alzheimer, doença neurodegenerativa que causa esquecimentos e demência.
De acordo com os estudos, pessoas com periodontites e gengivites carregam a bactéria Porphyromonas gingivalis e, para combater essa infecção, placas senis são formadas no cérebro, causando a enfermidade. Outra hipótese é que a própria bactéria possa causar danos ao cérebro. De acordo com o estudo, 1/3 da população mundial é portadora da bactéria.
O que dizem os estudos?
“Os estudos dizem que as bactérias presentes nas inflamações bucais podem chegar à corrente sanguínea e atingir outras partes do corpo, como o cérebro. As pesquisas mostram que a própria bactéria pode causar danos, assim como a forma de defesa do corpo também pode resultar na morte de neurônios”, explica o dentista Sergio Correia, especialista em Periodontia em Curitiba.
Essas bactérias no cérebro desencadeiam uma resposta do sistema imune e são capazes de destruir os neurônios, provocando a demência e perda de memória. “Não é uma regra de que toda pessoa com doença periodontal terá Alzheimer, mas é um sinal de alerta para um cuidado ainda maior com a saúde bucal”, afirma Correia.
Segundo os resultados indicados pela New Scientist, cada pessoa tem uma propensão para as inflamações que possam afetar o sistema imunológico, de acordo com o seu estilo de vida, imunidade e, sobretudo, características genéticas. Esse é um dos fatores que está sendo pesquisado para detectar o tamanho do dano que pode ser causado pela bactéria ou pela resposta do corpo humano.
O Alzheimer atinge cerca de 1,2 milhão de casos no país e ultrapassa os 35 milhões de pessoas no mundo com a doença, segundo a Associação Brasileira de Alzheimer (Abraz). Com o aumento da expectativa de vida, a demência se tornou a quinta causa de morte em todo o globo. Dentro desse grupo, o Alzheimer responde por 70% desses casos.
Ainda que as pesquisas tenham muito a evoluir, elas têm deixado a comunidade científica otimista, tanto em relação a encontrar tratamentos para o problema assim como encontrar meios e soluções que impeçam um avanço maior da doença. Ainda que sejam apenas hipóteses, vale um cuidado adicional com a saúde bucal pensando em um futuro com mais qualidade de vida.
Como prevenir
As doenças periodontais são formadas por placas bacterianas que se agrupam sobre os dentes e gengivas, causando as periodontites e as gengivites. Elas normalmente não causam dores e são caracterizadas pela gengiva inchada, vermelha ou sensíveis, com sangramento, pela retração gengival, mau hálito, dentes amolecidos e próteses desajustadas. Estima-se que um a cada dois adultos sofra com doenças periodontais.
“A melhor forma de prevenir é com a higienização constante, visita ao dentista periodicamente e atenção imediata aos primeiros sintomas. Quanto antes identificado, mais fácil o tratamento e menores as consequências”, alerta o dentista.
As doenças periodontais já mostraram relação com outros problemas de saúde, como a diabetes e os problemas cardiovasculares. Além disso, é preciso estar atento com os hábitos do dia a dia, evitar o estresse e recorrer ao dentista no caso de qualquer anomalia.